O jogo de celular (disponível para celulares Android e iOS) Pokémon Go, assunto nas redes sociais digitais, finalmente foi liberado no Brasil e belenenses já estão jogando. Desde ontem, várias pessoas são vistas nas ruas caçando os monstrinhos e há quem já tenha se conhecido na socialização que o jogo estimula.
A novidade desperta o fascínio em todas as faixas etárias; adultos aproveitaram horários de almoço ou folgas no trabalho e universidades para encarnar o papel de treinador de Pokémon. Grupos de jogo no Facebook e WhatsApp começaram a se formar para marcar passeios. Mas nem tudo é diversão e o jogo envolve riscos quando se manuseia o smartphone de forma descuidada pela cidade.
Pokémon é uma sigla para pocket monster (monstro de bolso, em português), uma extensa fauna de monstrinhos que nasceu entre 1995 e 1996 com dois jogos para o videogame portátil da Nintendo - bem antes de jogos de celular sequer serem uma possibilidade realmente rentável -, o Game Boy.
No game, o jogador encarnava o papel de um treinador de Pokémon, tendo de sair pelo mundo do jogo caçando novos seres, estudando-os e treinado-os para batalhas, uma espécie de esporte no universo da franquia. O sucesso foi imediato e logo nasceram desenhos animados e novos jogos, cada vez mais avançados.
Pokémon Go é o avanço mais recente, no qual o jogador usa o GPS do tablet ou smartphone e caça os monstrinhos no mundo real. Para jogar, é necessário, literalmente, caçar as criaturas. O aparelho se torna um mapa com radar e o jogador vê onde estão os Pokémon. Ao se aproximar de um, poderá interagir com ele usando a câmera do celular - tecnologia chamada de realidade aumentada (AR) - e ver o bicho no mundo real pela tela. Então o monstro poderá ser capturado usando um item do universo Pokémon, chamado “Poké Bola”.
No jogo e nos desenhos animados, os Pokémons ficam nessas bolinhas que cabem no bolso (monstro de bolso). Em estágios mais avançados, o jogador vai usar os Pokémons em batalhas contra outros jogadores e fazer parte de um dos três times disponíveis.
A tecnologia AR é um dos principais atrativos do jogo, já que é possível misturar o real e o virtual com bichos que conquistaram o coração de muitas pessoas que hoje já são adultas.
Praticamente todas as pessoas que estavam jogando e foram abordadas ontem eram maiores de 18 anos, com empregos ou cursos de graduação. E a quantidade de relatos nas redes sociais digitais mostra a diversidade de pessoas interessadas nesse aplicativo.
Pontos - Passear pela cidade pode levar o jogador a encontrar pontos de interesse, chamados “Poké Stops”. Geralmente são locais como pontos turísticos ou pontos de referência, onde podem encontrar itens e ovos de Pokémon para chocar. Os ovos só podem ser chocados com o registro de quilômetros percorridos jogando.
Seguindo a experiência de 2010, Pokémon Go exige movimentação, algo que o professor de Educação Física Evitom Correa, coordenador do Laboratório de Exercício Resistido (Lares) da Universidade do Estado do Pará (Uepa), considera positivo, mas ele alerta que é preciso também tomar cuidado com pequenos acidentes.
Além disso, as Polícias Militares de todo o País têm alertado sobre o risco de jogar em áreas perigosas (áreas vermelhas) e ficar com o telefone celular muito exposto, pois isso vai atrair a atenção de pessoas mal-intencionadas. Logo, o ideal é jogar em pontos em que há muitas pessoas e segurança. A formação de grupos é uma das medidas ideias. Os órgãos de trânsito e transporte também atentam para que os jogadores não joguem enquanto dirigem, afinal, há casos de vários acidentes.
Na UFPa, alunos caçam nos intervalos
Na UFPA, vários alunos e até alguns professores jogaram Pokémon Go nos intervalos. O espaço tinha uma grande variedade de monstros - ao todo, na primeira série de jogos e desenhos havia 151 diferentes -, segurança e internet gratuita para jogar, além de um clima agradável.
Ao longo do dia, a Diretoria de Segurança da UFPA não percebeu mudanças significativas na frequência ou uso de espaços na universidade, mas afirma que está atenta aos impactos que o jogo pode trazer para a vida real de quem frequenta a universidade. “Nossa maior orientação neste primeiro momento é para que os jogadores tenham cuidado, pois o maior risco são os acidentes, como atropelamentos, quedas ou mesmo na orla do campus, que é proibida para banho. No mais, vamos acompanhar e avaliar medidas que possam ser necessárias para aperfeiçoar a segurança da universidade”, avisa Antônio Costa, diretor da Diseg.
A pró-reitora de Ensino de Graduação da UFPA, Lúcia Harada, explicou que o órgão não recebeu queixas em relação ao novo uso do campus por jogadores. Um deles é Tarcísio Macedo, que concluiu o mestrado no Programa de Pós-graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia (PPGCOM) sobre games e continua integrando um dos grupos de pesquisa da universidade analisando, inclusive, o Pokemón Go.
O pesquisador afirma que o novo game tem todos os elementos para continuar a fazer sucesso. “A realidade aumentada no celular permite que pessoas realizem um antigo desejo, ou até mesmo sonho, de se tornar um treinador de Pokemón. Permite que os jogadores cacem em casa, no quintal ou na universidade. Esses elementos fazem com que os jogadores mergulhem e se tornem cada vez mais imersos no jogo”, afirma. “Nestas poucas horas em que o jogo está disponível no Brasil, milhares de páginas, comunidades e grupos se formaram nas redes sociais para reunir pessoas que desejam conversar e saber mais sobre o game”, conclui.
Encontro no bosque será neste sábado
O Bosque Rodrigues Alves é outro ponto que está repleto de Pokémon. E no sábado (6) já há encontros de grupos de jogadores para caçar por lá, uma visitação que talvez supere o que o bosque é acostumado a receber numa tarde de sábado.
“Aproveitei o horário de almoço para capturar uns Pokémons perto do trabalho. Formamos um grupo no WhatsApp para se movimentar e sair de casa. Já tem mais de 60 membros”, disse Rodrigo Freitas de Castro, auxiliar administrativo.
Artur Pereira da Silva, 18 anos, conhecia o universo Pokémon. Mesmo não sendo um grande fã, disse que baixou o jogo para ver como era e se viciou rapidamente. Mesmo achando que a moda tem tudo para pegar em Belém, assim como foi um sucesso instantâneo em todo o mundo, acredita que ainda falta segurança para os jogadores.
“Muito difícil andar pela rua e o medo de ser assaltado. Peguei alguns pelo caminho no ônibus. Em alguns lugares fiquei escondendo o telefone, então é complicado e perigoso sim”, disse enquanto continuava a caçada num shopping center.
Celpa dá alerta sobre subestações
As Centrais Elétricas do Pará (Celpa) emitiram um comunicado em suas redes sociais para alertar os jogadores de Pokémon Go sobre os perigos de caçar monstrinhos virtuais perto da rede elétrica.
Na postagem, a empresa pede que os jogadores jamais entrem em subestações para pegar os monstros de bolso, já que há risco de acidentes fatais nestes lugares.
Pokémon Go invade Belém
Reviewed by adm
on
14:31:00
Rating:
Nenhum comentário: